O Oscilante

O oscilante #1, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #2, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #3, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #5, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #6, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #7, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #8, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #10, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #11, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #18, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #18, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #20, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #23, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #24, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #26, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #28, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.
Coleção privada.

O oscilante #31, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #32, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

O oscilante #38, 2023.
29,7 x 42 cm. Tinta-da-china,
tinta acrílica e guache sobre papel.

Oscilações em Primeiro Plano

 

O que esconde e o que mostra um rosto?  Oscilações. Falta de estabilidade, hesitação, insegurança? Carolina Rocha dirá indeterminação. Todas as oscilações que dão nome a cada uma das peças expostas são aquilo que não se consegue determinar. São na verdade faces de indeterminação ou rostos indeterminados pelos contextos e porque nunca se consegue prever o que o vivo vai fazer. Não porque esteja atolado na dúvida, essa que paralisa o pensamento, mas porque o vivo é oscilante, não decide de imediato, tem várias possibilidades de decisão o que faz com que a dita indeterminação seja excitante, produtora, bem diferente de ser paralisante.

 

Os rostos aqui patenteados são de agonia, tristeza, mas será que são? Não serão mitos que vivem dentro de nós fruto de uma sociedade que nos incute desde tenra idade esses…medos? Não passaremos a nossa vida submetida a mitos? O mundo exterior como que se transforma em um projeto do mundo interior, e não como ficção, embora também como ficção. 

 

O ser humano atual tem a nítida sensação de que o mundo – agora chamado claramente de “mundo exterior” – pode ser produto de atos de vontade, do pensamento, da linguagem humana no plano político e educacional, pois generaliza-.se a percepção de que as decisões de elementos singulares – que podem ser chamados de sujeitos – constroem o mundo.

Que fazemos ao medo? Mascaramo-nos? Escondemo-nos? Transformamo-nos? E se o medo também vier mascarado? Rostificado? Carolina, mostra várias faces desse medo rostificado, medos que nos fazem oscilar entre a perceção e a ação que resultam numa espécie de vertigem tal como a definiu Milan Kundera na obra “A insustentável leveza do ser”: “a vertigem não é o medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio por debaixo de nós que nos atrai e nos enfeitiça, o desejo de queda do qual nos defendemos depois com pavor”.  Na manifestação de uma ação que não se realiza surge o seu substituto: uma emoção que se degenerou. E são tantas as degenerações que a artista expõe…são tantos os medos que habitam em cada ser quando constata a sua insustentabilidade.

 

De certa forma, cada peça é um espelho onde nos revemos. Pintadas no formato A4 e A3 a tinta-da-china, tinta acrílica e guache, cada traço realizado é cópia do que nunca aconteceu, as cores escolhidas surgem misturadas com promessas que nunca foram feitas numa sociedade que parece uma tela que rabisca um horizonte pintado em luz e sombra. Esse amarelo propositado, mistura de alegria com doença, é o rosto velado num todo de oscilações de primeiro plano que, na repetição de serem visionados, parecem perder traços humanos e ter a capacidade estranhíssima – de des-individualizardes-comunicar e des-socializar o rosto. O primeiro plano, aqui, é intensidade.

Texto de Pedro Arrifano publicado no catálogo da exposição O Oscilante realizada na Ante-Sala e Salão da BASE, 2023.

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