O meu corpo de trabalho é constituído por diversas séries interligadas onde exploro a relação entre a vontade do corpo e o acidente. É durante esta ligação, este interregno, que os meus objetos são produzidos. Abre-se um espaço que se assume como experimental, uma espécie de jogo na procura pela forma, onde as respostas são primeiro manipuladas e depois percebidas através da observação. É algo que se assemelha a um precipício, que me garante uma mudança na forma de olhar e, consequentemente, o movimento do corpo em direção a mais formas, que por sua vez trazem mais interrogações. O objeto que vou apreendendo é para mim um recetáculo de experiências que moldam a existência humana. Observo o processo, mas também a realidade circundante e o corpo, aceito as respostas e perguntas sugeridas neste jogo, que muitas vezes não são percebidas numa primeira observação. É necessária uma atenção à carne.

 

Numa casa atelier, o ambiente onde vivo e desenvolvo a minha investigação, estas questões têm sido exploradas de forma intensa e catártica. O espaço expositivo vem depois, proporcionando uma reorganização do trabalho, uma abertura para mais questões; convidando o público a entrar nestes receptáculo, a jogar este jogo, e com sorte, ampliar os nossos campos de pesquisa pessoal.

Carolina Rocha, 2024

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